Principais consequências dos riscos psicossociais para trabalhadores e empresas

Veja como previnir e gerenciar os riscos psicossociais dos seus trabalhadores. [...]
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Principais consequências dos riscos psicossociais para trabalhadores e empresas

Veja como previnir e gerenciar os riscos psicossociais dos seus trabalhadores.
consequencias dos riscos psicossociais

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que o trabalho é um ponto crucial da saúde mental e que, ambientes organizacionais saudáveis promovem não apenas o bem-estar dos trabalhadores, mas também a sustentabilidade dos negócios. Embora tal temática tenha ganhado mais visibilidade e um olhar mais atencioso da sociedade desde 2020, pós pandemia, os esforços não têm sido suficientes para evitar os adoecimentos e os transtornos mentais.

Olhando para este cenário, o legislativo publicou uma nova versão para a Norma Regulamentadora – NR 01, determinando que os riscos psicossociais sejam levantados e inseridos no Plano de Gerenciamento de Riscos – PGR, obrigação esta, que deverá ser cumprida por todas as organizações que possuem tais riscos levantados, a partir de maio de 2026.

Os riscos psicossociais causam uma série de consequências para os trabalhadores, tanto de ordem física como mental, como por exemplo, depressão, ansiedade, síndrome de burnout, transtorno de estresse pós-traumático, síndrome do pânico e outros transtornos psicofisiológicos.

Entretanto, as consequências não atingem apenas os colaboradores, mas as organizações também sofrem com impactos negativos pelos riscos psicossociais não mitigados, sendo crucial a implementação de ações preventivas e a gestão colaborativa para reduzir esses riscos e seus efeitos. Este artigo visa esclarecer pontos importantes, para que sua empresa esteja preparada para a adequação na realidade prática.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT):

Portanto, riscos psicossociais no ambiente de trabalho são fatores no ambiente de trabalho que podem impactar de forma negativa à saúde mental e ao bem-estar dos trabalhadores.

  • Sobrecarga de trabalho (excesso de tarefas ou prazos irrealistas)
  • Conflitos interpessoais e clima organizacional tóxico
  • Jornadas extensas / falta de equilíbrio vida-trabalho
  • Assédio moral ou sexual
  • Falta de apoio da liderança ou dos colegas
  • Ambiente organizacional autoritário ou tóxico
  • Insegurança no emprego
  • Falta de reconhecimento ou valorização profissional

Neste ponto, percebe-se que os riscos psicossociais afetam direta a saúde mental e emocional do trabalhador. Ou seja: riscos psicossociais não são um tema “só de RH” , são um indicador estratégico de sustentabilidade econômica.

Bom, já vimos que o colaborador é quem mais sofre com os riscos psicossociais não gerenciados pela organização. Porém, é um equívoco pensar que os danos afetam somente a estes, pois eles causam um impacto financeiro direto e mensurável sobre a receita de uma organização.

Esses transtornos resultam em afastamentos frequentes por motivos de saúde, queda de produtividade, absenteísmo, e alta rotatividade de funcionários, o que gera custos elevados para a organização em assistência médica, substituição de pessoal e perda de talentos. Além disso, a cultura organizacional se fragiliza, com aumento do medo, desânimo e desconfiança, prejudicando o trabalho colaborativo e a capacidade da empresa de atingir suas metas. Vejamos os principais vetores de impacto:

Funcionários sob estresse crônico entregam menos e cometem mais erros, possuem menor foco, engajamento e criatividade. Como consequência, a empresa passa por redução de margem e faturamento.

O aumento das faltas devido ao adoecimento psicológico ou físico relacionado ao estresse (absenteísmo) gera custos elevados com atrasos, substituições e retrabalho.

Colaboradores que convivem em um ambiente de trabalho psicossocialmente hostis, elevam a intenção de deixar a empresa. Como consequência, a empresa tem um elevado custo associado com recrutamento + seleção + treinamento + curva de aprendizado.

Um clima organizacional de estresse e fadiga aumentam os riscos de acidentes de trabalho e, consequentemente, a empresa aumenta as despesas com benefícios previdenciários, indenizações e estabilidade legal.

 Empresas com más práticas psicossociais atraem menos talentos e os clientes percebem a queda na qualidade da prestação de serviços / fornecimento de produto. Como consequência, a empresa tem drástica redução de vendas e perda de contratos.

A omissão em mapear ou agir frente aos riscos psicossociais pode levar a ações trabalhistas por adoecimento mental, com possíveis indenizações por danos morais e materiais.

A fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego poderá autuar empresas que não cumpram a obrigação de mapear e implementar medidas em relação aos riscos psicossociais. 

Portanto, a receita da empresa sofre tanto pela redução da capacidade produtiva quanto pelos custos diretos e indiretos associados aos problemas causados por esses riscos.

Embora existam diversos desafios para a prevenção da saúde mental nos ambientes de trabalho a serem vencidos por parte das organizações, eles não podem ser um empecilho para a promoção de um ambiente de trabalho saudável.

A prevenção da saúde mental exige uma abordagem multidisciplinar que envolva setores como RH, SESMT, CIPA e alta gestão. Vejamos os principais desafios enfrentados em diversas organizações:

Uma cultura marcada por ambientes hostis, com ameaças veladas de perda de emprego, ausência de reconhecimento dos funcionários e comunicação ineficiente são fatores relevantes que impactam negativamente a produção e, consequentemente, a saúde mental dos colaboradores.

Promover uma cultura organizacional aberta ao diálogo e escuta ativa dos colaboradores, sem discriminação e parcialidade contribui para uma melhor gestão da empresa.

Ambientes de trabalho marcados por metas elevadas e inatingíveis, competitividade e sobrecarga de tarefas, ampliam o nível de stress e o risco de burnout, além do desgaste físico e emocional, especialmente em ambientes que valorizam apenas o resultado em detrimento do bem-estar humano.

Definir metas realistas, respeitar a particularidade de cada colaborador, reconhecendo as desigualdades reais entre as pessoas, evitando privilegiar alguns quanto prejudicar injustamente outros, geram uma sensação de justiça e eliminam os desconfortos da sensação de parcialidade.

Gestores despreparados para lidar com conflitos, bem como com a diversidade cultural, tendem a reproduzir comportamentos autoritários ou negligentes.

Uma liderança bem preparada e treinada é um fato determinante para a saúde mental dos trabalhadores. É primordial que as lideranças sejam capacitadas de forma contínua, com foco no desenvolvimento de competências como inteligência emocional, gestão de conflitos, comunicação empática e promoção de ambientes saudáveis.

Exigências contraditórias dentro das funções, e a falta de clareza dos papéis geram no colaborador a sensação da falta de pertencimento e ausência de “utilidade”. Além disso, as inseguranças no trabalho geram assédio e intimidação no ambiente laboral, até mesmo por parte de outros colegas.

Perceba, assegurar uma comunicação assertiva, não violenta, empática e respeitosa, bem como promover uma cultura organizacional de comunicação aberta promovem a construção de um ambiente de confiança e transparência, que apoie a resolução construtiva de conflitos e o respeito aos limites pessoais e profissionais.

Como vimos, investir em educação emocional, liderança empática, programas estruturados de prevenção e mapeamento de riscos psicossociais é essencial para garantir um ambiente de trabalho saudável, produtivo e sustentável.

Como vimos, os desafios para a prevenção da saúde mental nos ambientes de trabalho são complexos e interdependentes. Superá-los requer uma mudança cultural profunda, que valorize o ser humano tanto quanto os resultados financeiros. Mais do que uma obrigação legal, a promoção da saúde mental é um compromisso ético e estratégico, capaz de fortalecer a imagem institucional, reduzir o absenteísmo e promover o desenvolvimento integral das pessoas e das organizações.

A Ius Natura possui um corpo técnico jurídico disponível para atender aos clientes que possuem dúvidas com as Normas Regulamentadoras e suas respectivas atualizações. Além disso, tem o maior, mais completo e atualizado banco de dados para ajudar a sua organização a realizar o cumprimento legal nas suas atividades. Te convidamos a conhecer melhor os detalhes sobre nossos serviços e softwares e encontrar a melhor solução para seu negócio.

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Advogada (OAB/MG 166.274), formada em Direito, MBA em Compliance e Gestão de Riscos, pós-graduação em Direito Contratual e Responsabilidade Civil. Com mais de 09 anos de experiência como advogada, auditora e consultora com expertise em gerenciamento, auditoria e avaliação de requisitos legais, especialmente em SSMA (Saúde, Segurança e Meio Ambiente). Atualmente, atua como Analista Jurídica no Dúvida Legal da Ius.

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