COP 30 | Um olhar rumo à justiça climática

A Ius esteve na COP30 acompanhando tendências climáticas e trazendo insights para fortalecer governança, compliance e estratégias ESG nas organizações. [...]
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COP 30 | Um olhar rumo à justiça climática

A Ius esteve na COP30 acompanhando tendências climáticas e trazendo insights para fortalecer governança, compliance e estratégias ESG nas organizações.
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Em novembro de 2025 o Brasil foi palco da COP 30, maior evento global sobre clima do mundo. A cidade de Belém sediou a Conferência das Partes das Nações Unidas, fazendo bonito em receptividade e participação social. A centralidade trazida para a Amazônia ao receber o evento é estratégica:  coloca o bioma e seus desafios diretamente no foco da agenda internacional. Nossa gerente de Desenvolvimento Humano, Paula Barros. representou a Ius, acompanhando de perto as discussões de diversos painéis e do World Climate Summit, maior fórum climático do setor privado. 

A COP (Conferência das Partes) é a reunião anual em que diversos países do mundo, que fazem parte da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), se encontram para negociar e decidir ações globais para enfrentar a crise climática. A primeira COP aconteceu em 1995, em Berlim, como desdobramento da criação da UNFCC. A Conferência é o espaço onde se discutem metas de redução de emissões, financiamentos para países vulneráveis, proteção de florestas e biodiversidade, adaptação aos impactos já em curso e mecanismos de cooperação internacional. Em resumo, a COP é o principal fórum mundial onde governos, cientistas, sociedade civil e setor privado definem caminhos para limitar o aquecimento global e proteger o clima do planeta. Como exemplo de instrumentos acordados na COP, podemos citar o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris, ambos voltados ao estabelecimento de metas para diminuição de gases do efeito estufa. 

A Conferência é dividida em zonas. A Zona Azul (Blue Zone) é a área oficial e restrita da Conferência das Partes, operada pela UNFCCC. Apenas delegados credenciados podem entrar: governos, organismos internacionais, negociadores, ONGs observadoras credenciadas, imprensa autorizada e algumas empresas oficialmente registradas. É onde acontecem as negociações formais.

A Green Zone (Zona Verde) é organizada pelo país anfitrião e funciona como um grande espaço público de participação da sociedade civil, empresas, startups e comunidades locais. É o espaço de articulação da sociedade civil, onde são apresentadas soluções e no qual a criação de redes entre o setor privado e esfera pública acontece.

Além disso, eventos de investidores, fóruns corporativos e de movimentos sociais acontecem de forma paralela, auxiliando a energizar pautas relevantes a serem levadas para as negociações.

No World Climate Summit, que acontece de forma paralela à COP, a percepção de urgência da implementação das ações climáticas foi alvo das discussões. Se a estratégia climática estava, nos últimos dez anos, alicerçada na definição da direção, agora é necessário entregar a transição. Paris definiu o destino, Dubai fez o balanço, e em Belém urge a necessidade de ambição climática ser traduzida em economia real. 

Jens Nielsen (CEO da World Climate Foundation) lembrou aos líderes globais e investidores em Belém que:

A interconexão entre clima, biodiversidade, igualdade e saúde foi ressaltada na COP 30, dando relevância à integração das soluções. Tais temas não podem ser tratados de forma isolada. As soluções do mundo real são integradas e as redes precisam funcionar da mesma maneira, apoiando ecossistemas, comunidades e economias em conjunto e não separadamente.

A Agenda de Ação da COP 30, documento que norteia a implementação das ações climáticas acordadas na COP, demonstra a importância desta integração em seus eixos temáticos, interligando soluções que promovem a justiça climática, combatem a fome e a pobreza e abordam as desigualdades estruturais, incluindo as de gênero, raça e condições socioeconômicas. Esta agenda, inclusive, endossa os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e traça possíveis caminhos para aproximação das metas.

Embora a questão do financiamento entre países desenvolvidos e em desenvolvimento seja ainda controversa e insuficiente nas negociações da COP, os países do Sul Global estão ganhando força para exigir parcerias mais equitativas. O protagonismo do Sul Global como líder em inovação supera a narrativa de que estes países deveriam ser tão somente destinatários de “ajuda”. O Sul Global está finalmente sendo reconhecido por sua capacidade de inovação e por suas soluções sustentáveis. Os territórios indígenas, por exemplo, têm as menores taxas de desmatamento do mundo e altos níveis de biodiversidade e armazenamento de carbono. Segundo afirmou Uyunkar Domingo Peas Nampichkai (Amazon Sacred Headwaters Alliance):

 “Nosso planeta está se deteriorando, e a ciência apenas confirma o que nossos ancestrais sempre souberam.”

Esse conhecimento local está moldando cada vez mais as estratégias climáticas do setor corporativo. As Soluções Baseadas na Natureza, por exemplo, ganham mais espaço e demonstram sua ligação intrínseca com os conhecimentos tradicionais. São conhecimentos que promovem a conservação, restauram áreas degradadas, apoiam a segurança alimentar e são essenciais para enfrentar a crise climática e a perda de biodiversidade, exigindo o reconhecimento e apoio a essas comunidades para a implementação de projetos sustentáveis e a proteção de seus direitos. 

Em relação ao financiamento climático, escala e velocidade são palavras de ordem. Pensar em riscos climáticos como redução estratégica de riscos atrai financiamento privado, mas, para mobilizar grandes volumes de capital rapidamente, é necessário aumentar a confiança para o aporte de capital com sistemas robustos de Mensuração/Monitoramento, Relato e Verificação (MRV) e dados auditáveis, dando credibilidade aos mercados de carbono, por exemplo.

Receber a COP30 na Amazônia foi mais do que simbólico: foi estratégico e urgente. A Conferência serviu como um verdadeiro ponto de inflexão: uma oportunidade de combinar ação internacional de clima com proteção da floresta e escuta de povos tradicionais. Em um momento em que a Amazônia enfrenta pressões intensas de desmatamento, degradação, mudança de uso da terra e desigualdades, a COP30 traz luz ao fato de que salvar a Amazônia é salvar o futuro climático do planeta todo. Para tanto, a pauta climática deve tornar-se verdadeiramente transversal, integrando-se a temas que historicamente foram tratados de forma isolada. Ao reconhecer que a crise climática afeta desproporcionalmente a saúde pública, amplia desigualdades sociais, intensifica vulnerabilidades de gênero e impacta diretamente comunidades marginalizadas, o encontro em Belém reforçou que a ação climática precisa ser intersetorial e centrada nas pessoas. A tecnologia e a governança climática e florestal devem ser aliadas na construção de uma estratégia global climática estruturada, contínua e consistente. 

A presença da Ius na COP 30 reforça nosso compromisso em apoiar organizações que precisam transformar ambições climáticas em ações concretas. A partir das discussões técnicas e tendências observadas em Belém, como a urgência de implementação, a integração entre clima, biodiversidade, saúde e equidade, e o fortalecimento do Sul Global  oferecemos às empresas suporte para navegar esse novo cenário com segurança jurídica e estratégia. Atuamos auxiliando na interpretação de marcos regulatórios, no fortalecimento de sistemas de governança climática, na construção de dados robustos para MRV, na adequação às agendas ESG e nos desdobramentos práticos para compliance ambiental e trabalhista. Combinando tecnologia, inteligência regulatória e expertise técnica, a Ius ajuda sua organização a transformar compromissos climáticos em resultados reais e alinhados às diretrizes globais fortalecidas na COP 30.
*Na imagem, Paula Barros – Gestora de Desenvolvimento Humano da Ius.

Um dos pontos de atenção da COP é a gestão de resíduos, essa relação é direta e estratégica, pois o tema aparece como parte central das discussões sobre clima, transição justa e descarbonização. Aqui estão os principais pontos que conectam os dois assuntos:

O manejo inadequado de resíduos, especialmente a decomposição de resíduos orgânicos em aterros, gera metano (CH₄), um gás com potencial de aquecimento global muito maior que o CO₂. Assim, melhorar a gestão de resíduos é essencial para que países e empresas cumpram metas climáticas discutidas na COP.

Sua empresa executa de forma adequada a gestão de resíduos? Para te ajudar com essa resposta a Ius liberou gratuitamente um diagnóstico para que você consiga identificar o estágio da sua gestão de resíduos e como mantê-la adequada. Para realizar o seu diagnóstico, basta clicar na imagem abaixo.

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Bacharela em Direito pela UFMG, desde 2008 pesquisa e atua com políticas públicas de Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho e Responsabilidade Social. Especializada em gerenciamento de projetos pela PUC Minas, gosta de trabalhar e conhecer metodologias alternativas de design de projetos, tais como: Dragon Dreaming e Design Regenerativo. Atuou como multiplicadora B, auxiliando na manutenção da Comunidade B Minas até 2020. É facilitadora de processos organizacionais e pesquisadora do tema de Direitos da Natureza. Há 17 anos trabalha na Ius, tendo atuado como consultora jurídica na estratégia de compliance ambiental e de SSO de diversas organizações. Atualmente cuida da gestão de pessoas, estratégia organizacional e ESG da Ius.

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